Ana Paula Padrão: “Tive durante anos muitos problemas de autoestima”
Com 55 anos, a jornalista Ana Paula Padrão
é exemplo de profissional a ser seguido. Foi apresentadora do Jornal da Globo
e, por opção, deixou o posto. Assumiu o comando de outro telejornal, no SBT e produziu conteúdo para uma nova atração da emissora, o SBT Realidade, que exibia documentários e lhe permitia deixar fluir a repórter que existe dentro dela, em matérias sobre o mais diferentes temas e em diversos países. Sua trajetória vitoriosa conta, ainda, com uma passagem pelo bancada do Jornal da Record, na Record TV.
A jornalista também assumiu o comando do reality show MasterChef, da Bandeirantes, que tem encantado o público brasileiro. Há sete anos, entrevistei a jornalista no IV Fórum Momento Mulher, que aconteceu no Hotel Unique, em São Paulo. Entre os temas discutidos estavam os hábitos de ouro das líderes bem-sucedidas, saúde e bem-estar, a importância do networking e autoestima. E Ana Paula Padrão abordou esse último tema que acredita ser importante a ponto de tê-lo estudado por anos. Alguém consegue imaginar que esse mulherão aí de cima, reconhecida como uma das melhores jornalistas do país, famosa por conta de sua competência, já teve problemas de autoestima?
Pois é: ela já passou por esse desafio como muitas de nós, mas isso não a impediu de chegar onde queria. E esse foi um dos temas nessa entrevista exclusiva. A jornalista ainda abordou as dificuldades das brasileiras quando se trata de confiança em si e muito mais. Vem com a gente!
Você concorda que as mulheres têm mais problemas com a autoestima quando comparadas aos homens?
Ana Paula Padrão:
Definitivamente a autoestima feminina é mais baixa, mais frágil que a masculina, principalmente em países latinos. As meninas são criadas para encontrarem abrigo e segurança em algum lugar. São treinadas para serem servis e não para serem grandiosas, corajosas, desbravadoras. Já os meninos são criados para desenvolver esse tipo de talento em si. Elas já saem em desvantagem. Isso se a gente não levar em consideração situações extremas como estupros, crianças que assistem a mãe apanhando, abusos morais. Isso faz da mulher um personagem mais frágil, com problemas de autoestima mais acentuados, que precisam ser trabalhados numa fase mais tardia como a adolescência ou mesmo a fase adulta.
Esse é o quadro no Brasil também, não?
Sim, isso acontece muito fortemente no Brasil. As mulheres, por exemplo, que estão hoje na classe média brasileira, são mulheres que acabaram de ascender, saíram de situações de muita dificuldade: famílias desmembradas, pais alcoólatras, mães que apanhavam, pais semianalfabetos. Isso forma uma autoestima muito frágil e o que a gente percebe hoje é que elas querem comandar famílias mais estruturadas, nas quais os filhos se eduquem melhor e consigam ascender socialmente, de uma maneira mais estável, porque elas mesmas percebem dificuldade de repertório para se incluir. Você aprende uma função, a costurar, ser telefonista, manicure e depois tem muita dificuldade de fazer a primeira entrevista de emprego, se sente inadequada porque a roupa está errada, não consegue falar a mesma língua das pessoas daquele ambiente. Ascender é muito difícil para a mulher no Brasil porque ela tem um problema crônico de autoestima.
Você passa a imagem de uma mulher forte, poderosa, com uma autoestima de aço. Temos a impressão que a Ana Paula Padrão nunca teve problemas de autoestima. Isso é verdade?
Não, isso é totalmente incorreto. Tive durante anos muitos problemas de autoestima. Venho de uma familiar nuclear, de uma cidade vazia, tive muito poucas referências na infância. E acho que tive de formar minha autoestima depois de adulta. Minha vantagem é que sempre tive muito mais coragem que medo. Então, enfrentei todas as minhas inseguranças, minha timidez e meu problema com a minha imagem. Fui corrigindo essas inadequações até chegar à conclusão de que realmente eu precisava ser feliz, fazer minhas escolhas. E elas não dependiam da imagem que as pessoas tinham ou cobravam de mim. Dependia de eu fazer escolhas com relação ao que eu queria ser e foi aí que acho que de lagarta virei borboleta.
Então você acredita que é possível que uma mulher que não teve uma criação que a valorizasse reverter esse quadro e fortalecer suautoestima?
É totalmente possível. Instituições muito sérias como o Banco Interamericano de Desenvolvimento e que sustentam projetos para estimular o talento em mulheres estão fazendo agora outros, de desenvolvimento de autoestima. Eles concluíram que só vale a pena treinar uma mulher para uma função se se estimular nela valores que façam com que ela acredite em si. Ou seja, desenvolver a autoestima junto com o treinamento profissional para que ela possa depois aproveitar o que aprendeu, acreditando em sua força, no talento que tem para se posicionar com aquele aprendizado numa empresa, no lugar em que escolher para trabalhar.
É impressão minha ou você está levantando uma bandeira para o fortalecimento da autoestima da mulher brasileira?
Esse é o IV Fórum Momento Mulher e desde o primeiro eu queria fazer um painel sobre autoestima, mas é um assunto muito difícil de ser comunicado para mulheres executivas, que acham que, porque já alcançaram tudo, têm uma autoestima resolvida. Não é assim em muitos casos. E, principalmente no Brasil, me preocupo com outro público, que para mim é muito caro, que é a mulher de classe média. Tenho estudado muitíssimo nos últimos cinco anos da minha vida a questão da autoestima e como ela é importante para o desenvolvimento de todos os outros talentos femininos. Acho que falta isso e, principalmente, para a classe média. Estou muito feliz porque hoje consegui realizar um painel de altíssimo nível e falando cientificamente de autoestima, que acho uma coisa fundamental.
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