Desde a semana passada, os amantes do cinema podem assistir Malu, que chega para o público brasileiro após ser aplaudido em vários festivais pelo mundo. O longa tem roteiro e direção de Pedro Freire, fruto da união da artista Malu Rocha, em quem a história é inspirada, com o ator Herson Capri.
A fita foi selecionada para mais de 10 festivais internacionais, entre eles, o aclamado Sundance Festival. No Festival do Rio 2024, a produção recebeu os prêmios de Melhor Filme, Melhor Roteiro, Melhor Atriz Coadjuvante para duas intérpretes e Melhor Atriz para a protagonista. No papel central está Yara de Novaes, que dá vida a Malu. Juliana Carneiro da Cunha (que faz Lili, a mãe) e Carol Duarte, como Joana, a filha. O filme mostra a relação tumultuada dessas três mulheres dentro de uma casa inacabada, com paredes de tijolos à mostra, em uma comunidade, no Rio de Janeiro.
Malu é uma atriz de meia idade, intensa, apaixonada, apaixonante, talentosa e com um passado glorioso tanto no teatro, como na TV. Porém, no começo da década de 1990, quando o filme é ambientado, sua vida é bem mais amarga. Apesar do sonho de contribuir levando arte para a vizinhança, ela tem dificuldades para se relacionar com a realidade. E nela estão a falta de estabilidade econômica e profissional, a relação com mãe conservadora e a filha, uma jovem atriz que começa a ser reconhecida da mesma forma que Malu havia sido um dia.
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O ponto alto da película é a forma como as atrizes se entregam a seus papéis, um verdadeiro show de talentos. Quando juntas, em uma mesma cena, a química entre elas faz pulsar forte tanto o que há de mais delicado nesse relacionamento, quanto aquilo que existe de detestável. Quando saí do cinema, ouvi uma frase de uma das pessoas que fazia parte do público que sintetizou bem os sentimentos ao final da exibição: "Preciso recuperar o fôlego". O elenco também conta com Átila Bee, outro que não foge à regra e se entrega linda e totalmente ao papel de Tibira, artista que mora numa espécie de puxadinho da casa de Malu, sua amiga.
Na vida real, Malu Rocha estreou no teatro em 1970, aos 24 anos, na peça Don Juan, que tinha nada mais, nada menos que Gianfrancesco Guarnieri no papel título. Foi dirigida, em 1972, por Flávio Rangel, em Abelardo e Heloísa e depois alçou voo em vários sucessos de público e crítica, nos palcos. Teve passagem pelo cinema e, entre os filmes que fez está O Crime do Zé Bigorna (1977), com direção de Anselmo Duarte. Na TV, participou do elenco de várias novelas, como Pecado Capital (1975), em que interpretou Cibele, a garota meio hippie e esposa de Valtinho (João Carlos Barrozo), um dos filhos de Salviano Lisboa (Lima Duarte). Já em Paraíso Tropical (2007), deu vida a Aracy. A intérprete faleceu em 2013, aos 66 anos, vítima de Mal de Príon, doença rara e degenerativa, que atinge o cérebro. Abaixo, o teaser que mostra um pouco da química entre essas grandes atrizes.